sábado, 26 de novembro de 2011

o meu maior medo

Medo: "sentimento de inquietação que surge com a ideia de um perigo real ou aparente". - definição por Dicionário de Língua Portuguesa da Porto Editora.

Olá, meu caros leitores! (adoro saudar-vos antes de partir para a escrita)

Hoje apercebi-me de qual é o meu maior medo. Lembrei-me logo da frase "muitos julgam que me conhecem", pois muitos de vocês julgam apenas que sabem qual é o meu maior medo (por favor, não o mencionem em "público", ou ao público). Não vos censuro, porque eu também não o sabia, só me apercebi dele hoje, durante uma conversa com a minha amiga Inês Borges.

Muitos de vocês já devem ter reparado no estado intelectual (entre outros) em que se encontra a nossa sociedade. Perdoai-me se vos vou parecer maluca ou com as ideias trocadas, isto tudo é apenas um desabafo. Perdoem-me também se vou ofender alguém com as minhas palavras que se seguem, mas eis o meu maior medo: ficar como a sociedade actual!

Querem que vos explique? Ok, posso explicar-vos. Eu prefiro ser a rapariga que ouve Frank Sinatra, Jimi Hendrix, Richie Campbell, SOJA ou U2, que Jason Derulo (podem achar isto irónico, visto que há tempos atrás fiz um post sobre o Justin Timberlake, mas ele é o meu "guilty pleasure", ou seja, a minha única excepção). Eu prefiro ser a rapariga que lê Sartre, Franz Kafka, Eça de Queirós, e depois diz se gosta ou não gosta, que simplesmente achá-los aborrecidos por serem escritores, por serem nomes da literatura. Eu prefiro ler jornais e saber o que é a ONU, quem é o primeiro-ministro de alguns países e saber de história mundial, do que das últimas tendências de verão, o catálogo da LEVIS, Zara ou outra loja qualquer. Eu prefiro ser a rapariga que tem amigos que se arranjam, falam e pensam de maneiras diferentes, do que aquela que não tem porque só consegue criticar as pessoas. Eu prefiro ficar solteira vário tempo, do que andar a saltar de homem para homem até não sobrarem mais homens, só porque não sei estar sozinha.

Este, meus leitores, é o meu maior medo: ficar fútil, vazia, sem cultura geral, sem interesse, como a sociedade actual está. Encontrar alguém interessante hoje em dias é difícil (não impossível, mas difícil)! Os interesses dos jovens da minha idade envolvem dinheiro, sexo oposto, saídas à noite, bebidas e/ou droga? Então e a política? Justiça social? Música? Filmes? Literatura? VIAGEM?! Dá-me um arrepio na espinha quando me dizem que não têm dinheiro para viajar, mas andam a gastar 30 euros por semana em bebidas alcoólicas. Dá-me outro arrepio na espinha quando dizem que ler é "uma seca", mas passam o dia no facebook a ler o que os outros escrevem. Mais coisas que me dão arrepios? Dizerem que era fixe o Bloco de Esquerda ganhar as eleições, uma vez que eles querem legalizar as drogas leves, mas não saberem o que eles defendem e acreditam que é o melhor para o nosso país; faltarem às aulas para passarem serões nos cafés a fumar e beber como reis, serem baldas e gabarem-se disso; julgarem as pessoas pela marca das suas calças, seleccionarem a sua companhia por critérios físicos e mesquinhos.
Minha gente, para mim não há mal vocês quererem saber de dinheiro por estarem preocupados com o salário dos vossos país ou economia mundial, não há mal quererem saber do sexo oposto, desde que não seja porque estão a tentar coleccioná-los; não há mal quererem saber de saídas à noite, a não ser que elas sejam a única coisa que vivem nesta vida; não há mal também em querer saber de bebidas, se só as consomem de vez em quando; atrevo-me a dizer que também não tem mal querer saber de drogas de vez em quando, porque eu não julgo as pessoas que fazem isso de vez em quando, porque de resto, se fazem normalmente, para mim tornam-se drogados. Sim, eu ponho-lhes o rótulo de drogados, aliás, toda a gente põe um rótulo nas pessoas, e o rótulo que ponho na juventude de hoje em dia é "juventude fútil, sem valores e sem futuro". E não quero saber, as pessoas também põe rótulos em mim, mas que seja um rótulo que não este!

Senhoras e senhores/ Damas e cavalheiros: o meu maior medo é tornar-me mais uma desta sociedade, mais uma pessoa vazia que de nada de bom contribui para este mundo.

Após aperceber-me deste meu medo, a minha sede por política, livros, filmes, pessoas interessantes e locais tem muita mais lógica. Eu não me identifico com as pessoas que são como eu já descrevi (ou tentei descrever), e por isso não quero ser.

Como já não me lembro de escrever um texto tão longo há muito tempo, retiro-me, porque não vos quero massacrar mais. Até porque olhei agora para o relógio e assustei-me.

Meus leitores, espero que façam algo de útil todos os dias. Leiam um livro, vejam um filme interessante (e não comercial), ouçam música de qualidade, sejam completos e felizes, e não vazios com a constante depressão de andar à procura da felicidade.

Amo-vos,
Inês Chocolate *

3 comentários:

  1. Deveras um belo texto. Então é por isso que tens falado tanto de politica... devias falar mas era com pessoal que conhece mesmo a politica.

    Compreendo-te totalmente. E pelo menos na area das saidas, creio que isso deve-se à universidade ter um efeito do genero nos miudos.


    Gostei de ler, apesar de ser grande ^^
    Continua

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  2. Sempre disse que estou zangada com a nossa geração, com esta cambada de lesmas que acreditam ser gente.
    pelo menos numa coisa é bom: é mais fácil seleccionar as pessoas que relamente importam.
    estou orgulhosa de ti e acho que cresceste muito nos ultimos tempos. *

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  3. Acho que este foi o texto (mais longo e) melhor que já escreveste. Às vezes ponho-me a pensar que não sou deste mundo, visto que a minha vida não se baseia em roupa de marca, saídas à noite e altas bebedeiras, mas sim em empenhar-me para acabar o curso, arranjar um emprego e tornar-me independente.
    Mas para quem sempre teve tudo (ou que faz os outros pensar que tem tudo), cultura, amizade e cidadania são meras palavras que fazem um textinho engraçado e chato como o caraças.
    Um dia vais ser uma mulher bem sucedida e com um futuro fruto do teu trabalho, e eles não vão ter nada para contar aos filhos, excepto que desperdiçaram a vida com coisas estúpidas, razão pelas quais não chegaram a lado nenhum. Mas agora são os melhores da aldeia dele... Pobreza de espírito é o que não lhes falta.
    Bjs*

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